A Trajetória de Vida da Mulher na Índia




A Trajetória de Vida da Mulher na Índia - Parte III

Uma minoria da população indiana (2%) tem teimado em escolher o próprio parceiro e não aceitar o casamento arranjado pelos pais. Essas moças corajosas tem sofrido não só perseguições familiares como também pública. As leis indianas proíbem demonstrações de carinho e afeto em público e que torna difícil o ato de namorar. Os casais que vão à parques namorar são perseguidos pelos policiais que além de humilha-los os agridem fisicamente.

Como as meninas casam-se muito novas, aos 10 ou 11 anos de idade já estão parindo seu primeiro filho. Muitas morrem no parto e a maioria das mulheres indianas sofrem de anemia. É pratica entre as indianas é dar primeiro comida para o marido, depois para os filhos e o que sobrar, se sobrar, vai para elas. A mulher indiana nunca senta-se para comer junto a família, ela fica servindo as pessoas e só depois que todos comeram é que elas vão comer.

Além da anemia, a perseguição por causa do dote é outra violência que assola as indianas. O pai das noivas tem que dar um bom dote em dinheiro para o noivo e para a família dele. Atualmente aceita-se também além de dinheiro, motos, carros, casas etc. Se o pai da noiva não dá o prometido ou se a família do noivo pede algo a mais, depois do casamento e o pai da noiva não dá, a moça sofre todo tipo de violência física, mental e emocional e inúmeras vezes acaba sendo assassinada pela família do noivo. O modo mais comum de assassinar as moças é atacando fogo nelas e dizer depois que foi acidente. Noticias sobre este tipo de violência doméstica esta todos os dias nos jornais, é corriqueira e não prende a atenção de ninguém. Este é justamente um dos motivos pelos quais os pais não querem ter filhas, pois estas incorrem em muita despesa pela ocasião do casamento e os noivos atualmente pedem mais e mais dote.

Outro problema grave nos centros urbanos indianos é o crescente número de estupros. Os indianos vêem as mulheres somente como um objeto para realizarem seus instintos sexuais e não pensam duas vezes em estupra-las. A situação anda tão crítica que até mesmo uma diplomata Suíça foi estuprada dentro do próprio carro em um estacionamento aqui em Delhi. Creio que o fato de existirem mais homens do que mulheres na Índia agrave o problema. Os casos de estupro que vão para a justiça sempre acabam culpando as mulheres e as acusam de seduzirem os homens e estes por sua vez sempre saem livres nunca indo presos e nunca pagando pelo crime que cometeram. Não é recomendado que turistas estrangeiras viagem sozinhas pela Índia.

Com a diminuição da prática do Sati as viuvas agora são expulsas de casa pela família do marido quando este morre e no geral são levadas para a cidade de Veranasi onde ficam vivendo em condições subumanas até morrer. O filme Water de Deepa Mehta que mostra esta triste e sofrida realidade das viuvas indianas foi banido da Índia e a cineasta teve que sair correndo pois recebeu inúmeras ameaças de morte. Aqui na Índia todos sabemos que ameaça em geral significa a morte, como ocorreu com a Primeira Ministra Indira Gandhi; outra grande mulher na história deste país chauvinista.

A proibição do Sati, a única lei em relação a mulher que tem sido mais respeitada. Refere-se a prática milenar de colocar a viuva viva junto ao corpo do marido falecido e força-la a morrer queimada simultaneamente na mesma pira do marido. Com a morte do marido, a família deste não via sentido em ficar sustentando a viúva. Praticando o Sati, ou seja, matando-a queimada na pira funeral, evitava-se assim também problemas de divisão da herança. Como agora está proibido matar as viuvas, estas são levadas à Veranasi e abandonadas lá.

Fica aqui então a sugestão para que assista ao filme Water de Deepa Mehta que além de retratar uma realidade indiana atual, é um modo inteligente de prestigiar esta mulher indiana corajosa e cineasta de grande gabarito que sofreu e sofre até hoje perseguição do governo indiano e de sua população machista que tenta a todo custo tampar o sol com a peneira.

Foto: Meus olhos ainda não se acostumaram a ver crianças de 10 anos de isade já mães carregando bebes no colo. Quem sabe um dia minha cabeça ocidental deixe de me perseguir e eu consiga ver como normal este costume indiano......

Om Shanti

Sandra Bose
www.indiagestao.blogspot.com

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi amada
Muito bom o seu texto.
Agora acompanharei seu blog tá?
Bjs

11 março, 2009
Tânia Regina disse...

A Paz querida irmã julyane!!

Muito obrigada de verdade!
fique a vontade,e seja muito benvinda,sempre viu.
Deus te abençoe
Fique com Jesus

11 março, 2009
Indi(a)screet disse...

Eu nao sabia que vc tinha reproduzido meus textos aqui. Mas fico feliz em ver que vc citou meu nome e o link do meu blog Indiagestao.
RIGADUUUUU
Sandra Bose

09 maio, 2009