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ENCONTRO OU DESENCONTRO?




“Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”.
1 Tm 4:1



Introdução

O Encontro é Tremendo! Esta é a frase mais ouvida ultimamente nos salões dos templos evangélicos, sejam eles pentecostais ou tradicionais. O mais novo chavão evangélico pode ser visto em camisetas, adesivos para carros, painéis decorativos, e principalmente na ponta da língua de diversos crentes. Ecoa como um brado de vitória, como um grito de guerra, capaz de fazer o mais simples dos cristãos se transformar no Super-Homem do avivamento. Para os que ainda não foram atingidos por esta nova 'onda', trata-se do aspecto principal do Modelo dos Doze, a nova visão para a Igreja em Células, preconizado pelo Pr. César Castellanos Dominguez, da Colômbia.

Neste pequeno relato conto a minha experiência de participação deste evento chamado "Encontro", trazendo a público todas as suas principais características. Não fiz nenhum pacto com ninguém. Tenho o compromisso, como cristão, de trazer à luz , e desbaratar tudo o que se apresenta nocivo ao povo de Deus. O apego à Palavra de Deus, o discernimento, o equilibrio, e a observação, impediram o meu envolvimento emocional, o que permitiu a avaliação cuidadosa de cada um dos seus aspectos. Do mesmo modo, o meu amor ao Senhor e a meus irmãos me impediram de manter sigilo sobre as sutís e perigosas doutrinas que ali são ministradas. Jesus disse em Mateus 10:26 "Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido.". Espero que aqueles que estão tendo oportunidade de ler este relato possam, à luz da Palavra de Deus, refletir e tirar as conclusões devidas de cada ponto nele apresentado.


Antecedentes

Durante dias a Igreja da qual sou membro foi inundada e fortemente bombardeada pela frase "O ENCONTRO É TREMENDO". Alguns poucos irmãos, juntamente com os pastores da igreja, que já haviam participado deste Encontro, promovido por outras igrejas, foram os protagonistas de tão intensa e exaustiva afirmação. Esta frase martelou diariamente a cabeça de todos. A promessa de um encontro face a face com Deus aumentava mais e mais a expectativa. O segredo quanto ao seu conteúdo, guardado a sete chaves, o tornava mais atraente e desejado. Ainda seria necessário passar pelo Pré-encontro, o qual consistia de quatro palestras preparatórias. Durante estas palestras foi pedido a todos sigilo absoluto quanto a tudo que iriam ouvir e ver a partir daquele momento.


O Pré-Encontro

Este conjunto de palestras leva o participante a reconhecer sua realidade espiritual, seu estado atual de pecador, e sua condição como filho de Deus em Cristo Jesus. A estimulação para ir ao Encontro é constante em todas as palestras.


O Encontro

Chegou enfim o dia tão esperado. Fomos todos em um ônibus, em clima de grande euforia. No local destinado ao retiro fomos recepcionados com explosões de fogos de artifício. Um clima de grande festa. Recebemos diversas recomendações quanto ao comportamento, das quais a de maior impacto foi a proibição de comunicação interpessoal. Acreditem irmãos, a princípio eu achei ótimo.

A primeira palestra ministrada foi "O Peniel", cujo texto está em Gênesis 32:30. Fomos levados entender a experiência de Jacó. Após a ministração fomos levados a meditar sobre nossa real condição. Uma música de fundo era tocada enquanto éramos liberados para sair do auditório e procurar um lugar onde poderíamos ficar a sós com Deus. Foi um momento de muita comoção. Fomos liberados para chorar, gritar, urrar, sem se preocupar com nada ou ninguém. Os pecados deveriam ser confessados um a um, nome por nome, inclusive épocas em que ocorreram. Como desde o princípio, não creio que tenha que trazer à memória meu passado antes da minha conversão (II Cor. 5:17), eu decidi pensar na minha atual condição diante de Deus. Foi um bom momento de reflexão sobre minha vida. Creio na palavra em 1 João 1:9. Ao final voltamos todos para o auditório, eram mais ou menos meia-noite. Depois fomos jantar e em seguida dormir.

A segunda palestra, ministrada no sábado por volta das oito horas, foi acerca do que é o Encontro e quais os resultados obtidos após ele. É neste momento que o Encontro é enfatizado como algo que não pode ser jamais desprezado, pois de sua participação resultará a transformação de sua vida, a renovação de seu coração, sua capacitação para ser "um guia de multidões", além de receber definitivamente a fortaleza de Cristo. É enfatizado a necessidade de estarmos ali, separados de tudo e de todos, para termos este encontro com Deus. É usada a palavra em João 4:30 "Saíram, pois, da cidade e vinham ter com ele." para explicar o privilégio ímpar de estarmos ali. Foi esquadrinhada a Palavra em João 4:1-42 cujo resumo é : a mulher samaritana recebe a palavra, abre o coração, é liberta, e torna-se uma grande missionária. Após isso é enfatizada a importancia de ser um "sonhador". O texto utilizado é João 11:11-25. Interpretando o verso 12 é dito que muitos dos nossos sonhos estão mortos mas Jesus irá despertá-los. Enfatiza-se a linguagem dos sonhos, onde tudo que acontece no mundo natural tem que ser conquistado primeiramente no mundo sobrenatural. Após esta palestra, que durou cerca de duas horas, fomos tomar café.

A terceira palestra ministrada foi sobre Libertação (Quebra de maldição). Esta palestra começa com a afirmação que o crente pode ter uma atitude "demonizada", descrita em Efésios 4:27. Ao falarem de maldições citaram os textos de Deut. 11:26, Deut. 30:19, e Efésios 5:15-16. O preletor discorreu sobre o surgimento das maldições, enfatizando a realidade da maldição hereditária, e sua renúncia e quebra no Encontro, não importando se ela entrou através dos pais, avós, bisavós, etc. Comecei a achar que alguma coisa não ia bem, pois a Bíblia é clara em Ezequiel 18:20 quando diz "A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho, A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.", além de várias outras passagens como Jeremias 31, Provérbios 3:33, 26:2, Gál 3:13, Colos. 2:14-15, Romanos 6:6-7, 2 Coríntios 5:17, João 8:36, dentre outros. Esta palestra demorou cerca de três horas. Ao final fomos liberados para almoçar, era cerca de três horas da tarde. Na porta do auditório interceptei o preletor e disse a ele que não concordava com o que havia sido dito sobre maldição, que como crente converso eu era nova criatura em Cristo Jesus, e que o fato de ter que voltar ao passado era uma forma de anular a Cruz de Cristo. O preletor ficou sem resposta.

Após o almoço fomos liberados para descansar um pouco. A partir daquele momento comecei a ficar incomodado com toda aquela situação. Comecei a relacionar os fatos, as palestras, os muitos depoimentos pessoais dos preletores, a participação da equipe de apoio, as músicas, etc. Senti como se tudo que já havia aprendido sobre a Cruz de Cristo não tivesse nenhum valor. Foi quando tive um impulso para buscar a Palavra de Deus. Enquanto todos descansavam eu comecei a estudar a Palavra. Escrevi quase duas páginas. Não tinha muito tempo, pois ainda precisava passar a limpo tudo que havia escrito. O que escrevi confirmou aquilo que penso acerca de minha salvação. Graças a Deus obtive esta luz. O que escrevi baseou-se resumidamente em : Colossenses 2:14-15, Romanos 8, Romanos 6, II Coríntios 5:17, Gálatas 6:17.

A quarta palestra ministrada foi sobre comportamento no encontro e a nova postura após ele. Não há muito o que falar sobre esta palestra senão o fato de relacionar a experiencia de Paulo com o Encontro. Paulo não conhecia o amor de Deus, rendeu-se diante do Encontro com Jesus, esteve três dias longe de tudo, quando ao final recebeu a grande comissão de Cristo. Bem sugestivo não? Relacionando com esta experiência temos : não conhecemos a Deus de fato; viemos para o Encontro onde ficamos longe de tudo; fomos libertos da cegueira.

A quinta palestra foi sobre "Cura Interior". O preletor inicia explicando a diferença entre espírito, alma, e corpo. Afirma que no plano da alma residem todas as feridas e traumas da vida. Relata uma lista grande de comportamentos causadores destas feridas. Ele discorre sobre todos as possíveis feridas emocionais e suas diversas causas. Relata alguns exemplos bíblicos tais como Moisés (língua pesada), Elias (incapacidade de enfrentar Jezabel), Mirian (complexo de inferioridade), os 10 espias (complexo de inferioridade). Após isso passou a ministrar a cura propriamente dita. Foi dito que para ser curado eram necessários dois passos : romper o domínio de Satanás, tomando posse do que já era nosso; e receber a cura de lembranças passadas. Em outras palavras foi dito para voltarmos ao passado e desenterrarmos de lá os detalhes mais sórdidos, desintulhando todo o lixo de que nos lembramos, jogando tudo fora. Neste ponto é pedido para declararmos uns aos outros "Estou aberto ao que Deus vai fazer em minha vida". Durante esta ministração foram afastadas todas as cadeiras do auditório. Foi posta uma música bem sugestiva, de adoração, e sem letra.

Este momento dividiu-se em três partes:

1) Fizemos uma regressão. Apagaram-se as luzes, foi pedido que visualizassemos o momento da fecundação, depois a formação no útero materno, depois o nascimento, depois a infância, depois a adolescência, etc. A visualização de cada fase foi detalhadamente solicitada, onde fomos instruídos a lembrarmos dos momentos difíceis, amargos, traumatizantes, etc. Em cada momento lembrado era pedido que visualizássemos Cristo conosco e que devíamos liberar perdão para as pessoas envolvidas.

2) Devíamos escolher um parceiro para o qual deveríamos confessar nossas dores. O preletor oferecia um tempo para cada um confessar ao outro, e ao final o ouvinte orava, conforme o modelo do preletor, declarando a cura sobre este irmão, e vice-versa. Após isso é ministrado a unção com óleo em cada participante. Quase todos os participantes caíram. O fenômeno do cai-cai se instalou. Eu particularmente não deixei que o preletor me ungisse com óleo. Após isso, todos em prantos, se abraçando e se consolando, é pedido que voltássemos aos lugares onde foi ministrada mais uma palestra sobre a Cruz de Cristo. Mais uma vez uma música de adoração tocou, as cadeiras foram novamente afastadas, e foi pedido que visualizássemos a vida de Jesus, desde o seu nascimento, apresentação no templo, crescimento, seu ministério de cura e libertação, sua paixão , sua traição, seu sofrimento vicário, os insultos, as chicotadas, os açoites, a dor de levar a cruz, a crucificação. Foi pedido que nos víssemos no meio da multidão que assistia a tudo, e ouviamos Jesus dizer que não foram os romanos e nem os judeus que o tinham crucificado, mas o fato dEle estar ali era por causa dos nossos pecados. Presenciávamos o grito do Salvador, a rendição do espírito, a multidão se retira, nós nos retirávamos também. Ficamos sabendo que Jesus havia ressuscitado. Foi pedido para que nos colocassemos debaixo da cruz para sentirmos o sangue de Cristo caindo sobre nós. Ressucitamos com Cristo, a morte e o pecado não tem mais domínio sobre nós. Após esse momento bradamos com gritos de vitória e abraçamo-nos unos aos outros.

3) Após tudo isso o preletor pede que peguemos um pedaço de papel e escrevessemos tudo o que o Espírito Santo nos lembrar de coisas ruins, pecados, traumas, etc. Além disso foi pedido para reunir que todo e qualquer objeto, que continha algum símbolo da Nova Era, ou outros objetos quaisquer que poderiam lembrar situações ruins, ou se relacionavam com atitudes ilícitas. Nesta hora fomos liberados para ir ao dormitório. Ao voltarmos fomos separados em grupos de doze, e de mãos dadas, fomos até uma grande fogueira onde lançamos tudo. Ao lançar os objetos e o pedaço de papel bradamos em alta voz : "Estão anulados todos os argumentos sobre minha vida". Confesso irmãos, que apesar de participar destes eventos, estava convicto de que nada disso era maior que a Cruz de Cristo em minha vida. Não confessei nada a ninguém, não fiz regressão, e não escrevi nada no papel, e muito menos queimei algum objeto. Simulei a minha participação para não provocar nenhum problema. Depois disso tudo, já eram quase uma hora da manhã, fomos jantar e dormir.

Como havia acontecido no sábado de manhã assim também foi no domingo. Fomos direto para o auditório assistir a sexta palestra, que foi sobre estilos de oração e a nova vida em Cristo. Interpelei o preletor e disse a ele que estava muito preocupado com o que fora ministrado no sábado, em relação a Libertação e Cura interior, e que gostaria de conversar detalhadamente depois sobre o assunto. Depois fomos tomar café da manhã por volta de nove e trinta.

A sétima palestra foi sobre o Modelo dos Doze, onde foram apresentados seus diversos aspectos. Não vou discorrer sobre este tema.

A última palestra foi sobre Batismo no Espírito Santo. O preletor discorreu sobre os propósitos do batismo no Espírito Santo, sobre os resultados, sobre as condições para recebê-lo, sobre as evidências, e sobre a necessidade de ser cheio do Espírito. Após isso começou o leilão do batismo. Este preletor era do tipo que empurrava a testa, ocasionando várias quedas. Dessa vez eu também não cai, graças a Deus, apesar de ter sido empurrado duas vezes.

Para finalizar ficamos no auditório, após a palestra, onde um momento surpresa nos esperava. Foi pedido que deitassemos com os olhos fechados. A medida que éramos chamados pelo nome levantávamos uma das mãos e recebíamos ao lado de nosso corpo um objeto. Quando todos receberam foi pedido que abríssemos os olhos e verificassemos o conteúdo. Foi, para mim, o melhor momento deste retiro. O objeto, um envelope, continha bombons, e vários cartões e fotografias enviadas pela minha esposa. Ela não economizou, escreveu muitos cartões. Montou um álbum com fotos de diversos momentos de nossa vida, tais como namoro, noivado, e casamento. Foi um momento de grande quebrantamento. Neste momento foi liberada a comunicação interpessoal, e todos se abraçaram e se confraternizaram.

Como podemos ver, muitas coisas boas aconteceram neste retiro. Não há dúvida que muitos de seus aspectos são inéditos. Agora nem por isso devemos fechar nossos olhos às sutilezas que foram ministradas juntamente com as coisas boas. Resumindo este Encontro eu diria que ele tem três principais objetivos : Quebra de Maldições (Libertação), Cura Interior, Batismo no Espírito Santo. Todos estes assuntos já foram bem abordados e discutidos em diversos livros. São temas que apresentam muita controvérsia. Cabe a cada um avaliar cada um destes temas, julgando-os à luz da Palavra de Deus. Eu particularmente não concordo com nenhuma das abordagens ministradas no Encontro. Creio ser uma forma muito sutil de negar a Cruz de Cristo. Como isso é apenas um relato de minha experiência não vou entrar em detalhes quanto à minha opinião.

É importante esclarecer também que durante todos estes dias de retiro fomos bombardeados com a frase : "O Encontro é Tremendo". As músicas "Eu quero é Deus" e "Na casa de meu Pai há unçao e há poder" foram exaustivamente tocadas. Os momentos de louvor eram altamente agitados, com pulos, danças aeróbicas, trenzinhos, onde os principais incentivadores eram os preletores e os irmãos da equipe de apoio.

O culto na igreja, realizado no mesmo dia do retono do retiro, é marcado por manifestações de euforia que chegam a passar dos limites da racionalidade. Gritos, pulos, danças aeróbicas, assovios, fazem parte da expressão de todos os participantes deste Encontro. As pessoas que ali estavam, tanto membros da igreja como visitantes ficavam sem entender o que estava acontecendo. Os Pastores esforçavam-se para explicar o fato dizendo que "estes irmãos tiveram um encontro face a face com Deus". Não houve ministração da Palavra, mas sim testemunhos dos participantes do Encontro. Muitos ficaram escandalizados, ao ponto de se retirarem.


5. O Pós-Encontro

Este conjunto de palestras objetiva a consolidação dos aspectos do Encontro. É marcado por muitos depoimentos daquilo que foi conquistado. Basicamente as palestras tratam da conservação daquilo que foi conseguido no Encontro (Libertação e Cura Interior), das defesas contra as retaliações de Satanás, e de como posso deter as investidas do inimigo. O fatores "cobertura espiritual" e "obediência e submissão" são muito enfatizados. Chegam a dizer que a obediência aos Pastores é a nossa legalidade contra Satanás. Eu não creio nisso, ao contrário eu creio que a Cruz de Cristo é a nossa legalidade. E vou além em dizer que obediência e submissão não é imposta e sim conquistada através da Palavra de Deus, assim como lemos em I Pedro 5:2 "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;". Ao final de tudo somos encorajados a participar da "Escola de Líderes", outro aspecto desse Modelo dos Doze, e a participarmos como equipe de apoio em outros retiros. Mais uma vez é reforçada a manutenção do silêncio absoluto quanto ao conteúdo do Encontro. Após a última palestra fomos convidados a participar da "queima de arquivo". Uma reunião, no sábado seguinte, para queimarmos na fogueira os objetos remanescentes. Deste evento eu não participei.


6. Conclusão

Depois de passar por todos estes eventos, e perceber distorções da Palavra de Deus e enganos sutís, fui compelido a pesquisar sobre cada assunto. Confesso que o que encontrei, juntando com aquilo que já sabia, me deixou muito preocupado com o rumo que as igrejas evangélicas, principalmente as renovadas, estão tomando. Muitas doutrinas estranhas ao Cristianismo estão sendo sutilmente injetadas. Muitos pastores e líderes na ânsia de verem suas igrejas crescerem e serem avivadas estão adotando métodos e técnicas estranhas sem uma criteriosa investigação de seus aspectos, muitas vezes ocultos. Muitas destas técnicas trazem em suas entranhas práticas encontradas no espiritismo. Devemos ter muito cuidado com as "novidades" que aparecem, e com os profetas de última hora que trazem as revelações emergenciais de Deus. Paulo já advertia em Gálatas 1:8 "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.". Deus não sofre de processo de continuidade. Aquilo que Ele fez em Cristo Jesus é perfeito e não necessita de retoques, e de que nada lhe seja tirado ou acrescentado. A origem de seitas heréticas decorre desta tentativa. Jesus Cristo também advertiu em Mateus 24:24 "porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.". A vinda do AntiCristo seria precedida por engano e apostasia. Paulo diz em II Tessalonicenses 2:9 "a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira,". Por isso irmãos precisamos ser atalaias, sempre atentos. Devemos examinar tudo, provar tudo, como em I João 4:1 "Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.", assim como em I Tessalonicenses 5:21 "mas ponde tudo à prova...", assim também como em I Coríntios 2:13 "...comparando coisas espirituais com espirituais.". Temos que ser como os bereanos em Atos 17:11 "Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.". Temos a Bíblia, que é a Palavra de Deus, como referência única e verdadeira. Que este opúsculo possa servir de alerta aos meus irmãos em Cristo, como é dito em Tito 1:9 "retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes.




Roberto César Alves do Nascimento
roberto.cesar@bol.com.br
solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo
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A Verdade Sobre a Quebra de Maldições





O EVANGELHO DA MALDIÇÃO

Uma das distorções doutrinárias mais difundidas entre o povo de Deus ultimamente é o ensino das “maldições hereditárias”, conhecido também como “maldição de família" ou “pecado de geração”. Estes conceitos circulam bastante através da televisão, rádio, literatura e seminários nas igrejas. Muitos líderes, ministérios e igrejas, antes sólidos e confiáveis, acabaram sucumbindo a mais esse ensino controvertido e importado dos Estados Unidos.

Os pregadores da maldição afirmam que se alguém tem algum problema relacionado com alcoolismo, pornografia, de­pressão, adultério, nervosismo, divórcio, diabete, câncer e muitos outros, é porque algum antepassado viveu aquela situação ou praticou aquele pecado e transmitiu tal pecado ou maldição a um descendente.A pessoa deve então orar a Deus a fim de que lhe seja revelado qual é a geração no passado que o está afetando. Uma vez que se saiba qual, pede-se perdão por aquele antepassado ou pela geração revelada e o problema estará resolvido, isto é, estará desfeita a maldição.

Marilyn Hickey, autora norte-americana e que já esteve várias vezes no Brasil em conferências da Adhonep (Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno), promove constantemente este ensino. Note suas palavras:

Se você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja atingi­da pelo diabo através das maldições de geração. Os pecados dos pais podem passar de uma a outra geração, e assim consecutiva­mente. Há na sua família casos de câncer, pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério’? Estas são algumas das características que fazem parte da maldição hereditária nas famílias. Contudo, elas podem ser quebradas!

Um dos textos bíblicos mais usados pelos pregadores da maldição hereditária para defender este ensino é Êxodo 20:4-6: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.

É preciso que se leve em consideração o assunto do texto aqui citado. De que trata, afinal, tal passagem? Alcoolismo, pornografia, depressão, ou problemas do gênero? É óbvio que não. O texto fala de idolatria e não oferece qualquer base para alguém afirmar que herdamos maldições espirituais de nos­sos antepassados em qualquer área das dificuldades humanas.

A narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação de Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia ser amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números 23:7, 8, quando Balaque pediu a Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de Balaão aparece no versículo 23: “Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel”. Por outro lado, sempre que a nação quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou exposta a maldição, calamidades e cativeiro.

É verdade que os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda a possibilidade de colher o que seus pais colhe­ram. Os pais que vivem no alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos alcoólatras. Os que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios, estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande probabilidade, será segui­do por seus filhos, pois “aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Isso poderá suceder até que uma geração se arrependa, volte-se para Deus e entre num relaciona­mento de amor com ele através de Jesus Cristo. Cessou aí toda a maldição. Não deve ser esquecido também que o autor da maldição ou punição é Deus e que ela é a manifestação da sua ira. Note que,. no final do versículo cinco do capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se passa com o cristão.

A Bíblia ensina uma responsabilidade individual pelo pecado, como pode ser observado no livro do profeta Ezequiel:

“Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:1-4). Seria o mesmo que afirmar nos dias atuais: os pais comeram chocolate e os dentes dos filhos criaram carie.

O capítulo 18 de Ezequiel dá a entender que havia se tornado um costume em Israel colocar a culpa dos fracassos pessoais nos antepassados ou em outros. Isso faz lembrar o que aconteceu no jardim do Éden, quando, por ocasião da Queda, o homem colocou a culpa na mulher e a mulher na serpente. Parece ser próprio do ser humano não admitir seus erros, buscando evasivas para não tratá-los de forma responsável à luz da Palavra de Deus. Infelizmente, alguns acham mais fácil culpar os antepassados do que enfrentar suas tentações.

O ensino da maldição de família mais escraviza do que liberta. Até crentes que há vários anos viviam alegres, evangelizando, servindo ao Senhor e dando frutos, agora estão preocupados, deprimidos, pensando que talvez as tentações, as dificuldades e lutas pelas quais estão passando sejam de fato reflexo de pecados ou do comportamento dos seus ancestrais. Não faz muito tempo, numa grande igreja pentecostal, um diácono, que havia participado de um desses seminários para quebra de maldições hereditárias, me procurou para aconselhamento. Tal irmão encontrava-se confuso e deprimido com as informações que recebera e queria saber o que a Bíblia tinha a dizer sobre tudo isso. Depois de uns dez minutos de conversa, ele respirou aliviado. Temos encontrado e ajudado a muitos outros em situações semelhantes pelos lugares por onde passamos, em diferentes partes do Brasil.

Ora, todo cristão é tentado, de uma forma ou de outra, uns mais, outros menos. Se um cristão enfrenta problemas em relação à pornografia, ao alcoolismo, ao adultério, à depressão ou a qualquer outro aspecto ligado às tentações, os métodos para vencer tais lutas devem ser bíblicos. O caminho para a vitória tem muito mais a ver com a doutrina da santificação, com o cultivo da vida espiritual através da oração, do jejum, da comunhão saudável numa determinada parte do Corpo de Cristo e do contato constante com a Palavra de Deus. O ensino da quebra de maldições hereditárias aparece como um atalho mágico e ilusório para substituir a doutrina da santificação, que é um processo indispensável a ser desenvolvido pelo Espírito Santo na vida do cristão, exigindo dele autodisciplina e perseverança na fé.


DOENÇA OU MALDIÇÃO?

Um outro aspecto incorreto desse ensino é confundir as doenças transmitidas por herança genética com maldições hereditárias espirituais. Isto pode ser observado nas declarações de Marilyn Híckey:

Será que você já observou uma família na qual todos os membros usam óculos? Desde o pai e a mãe até a criança menor, todos es­tão usando óculos, e geralmente os do tipo de lentes grossas. Es­sas pobres criaturas estão debaixo de uma maldição, e precisam ser libertas.

Não se pode construir uma doutrina em cima de uma observação, experiência ou somente porque uma família toda usa óculos! Existem muitas famílias em que apenas um ou outro membro usa óculos. O que aconteceu? Por que só alguns herdam a maldição e outros não? E se as doenças são maldições transmitidas de pais para filhos através dos genes (geneticamente), por que os pregadores dessa doutrina não quebram, por exemplo, a maldição da calvície, transmitida geneticamente? Até hoje não há notícia de que alguém tenha feito isso.

O Senhor Jesus nunca ensinou tal doutrina. Quando perguntado sobre o cego de nascença: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”, ele respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:2-3). Alguns usam este texto para afirmar que os discípulos acreditavam na maldição de família, procurando dar assim legitimidade a tal ensino. É preciso lembrar que os discípulos nem sempre estiveram certos no período de treinamento que passaram juntos a Jesus. Certa vez, em alto-mar, quando Cristo se aproximava, eles pensa­ram ser ele um fantasma (Mt 14:26). Felizmente, os discípulos estavam errados em suas conclusões, pois eram humanos, sujeitos a erros. É óbvio que não erraram quando falaram e escreveram inspirados pelo Espírito Santo. Quanto ao cego de nascença, Jesus destruiu qualquer superstição ou crença que os discípulos pudessem ter de que a cegueira fora provocada pelos pecados de seus antepassados, e o próprio Jesus nunca ensinou tal doutrina.

Tal ensino não encontrou espaço também nos escritos do apóstolo Paulo. Ao contrário, quando escreveu aos coríntios pela segunda vez, declarou com muita certeza: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5:17). Aos efésios, ele afirma: “Bendito o Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Onde existe espaço para maldições na vida de um cristão diante de uma declaração como esta?

Paulo não se deixou prender ao passado. Quando escreveu aos crentes de Filipos, declarou: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp.3:13, 14).

É importante observar a sugestão do apóstolo Paulo a Timóteo, quando lhe escreveu a primeira carta: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1 Tm 5:23). Paulo nunca insinuou que a enfermidade de Timóteo fosse uma maldição de seus antepassados, pois sabia que Timóteo vivia numa natureza afetada pela desobediência dos primeiros país (Adão e Eva). Apesar de o Reino de Deus estar entre nós, ele ainda não chegou à sua plenitude, pois até a criação geme, aguardando ser redimida do cativeiro da corrupção (Rm 8: 19-23). Paulo apenas sugeriu que Timóteo tomasse um pouco de vinho como um remédio para suas freqüentes enfermidades estomacais e não que fizesse a quebra das maldições hereditárias.


A CONVERSÃO É A SOLUÇÃO

Ensinar que um cristão tem que romper com maldições ou pactos dos antepassados pedindo perdão por eles é minimizar o poder de Deus na conversão. Isso está mais para o espiritismo ou mormonismo (com sua doutrina antibíblíca do batismo pelos mortos) do que para o cristianismo. A Bíblia de­clara com muita ousadia: “Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). O advérbio “totalmente” (panteles, no grego) tem o sentido de pleno, completo e para sempre. Jesus não salva em prestações, mas de uma vez por todas.

Marilyn Híckey chega a afirmar que: “Você pode decidir quanto ao destino exato da sua linhagem. Eles ou vão para Jesus, ou vão para o diabo”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Quantos filhos há que hoje vivem uma vida cristã exemplar, são cheios do Espírito Santo, enquanto seus pais permanecem alheios ao Evangelho, rejeitando constante­mente a palavra de salvação e até tentando dificultar-lhes a vida espiritual! Comigo também foi assim. Ai de mim se fosse esperar meu pai decidir sobre o meu futuro espiritual. Não sei onde estaria hoje.

É claro que os pais têm grande influência na formação espiritual dos filhos, mas o milagre da salvação é obra de Deus, e é pela graça que somos salvos (Ef 2:8, 9). É o Espírito Santo, o Consolador, quem convence o coração do pecado, da justiça e do juízo, como o próprio Senhor Jesus disse (Jo 16:7, 8). Paulo relatou aos gálatas que foi Deus quem lhe revelou seu Filho (Gl 1:15, 16). Assim, a salvação é uma revelação de Jesus Cristo em nossos corações, e não algo decidido somente pelos pais.

Observe o que aconteceu com os filhos de Samuel, um profeta de Deus e um homem íntegro, como pode ser observado em 1 Samuel 3:19 e 12:3. Apesar da integridade do pai, a Bíblia diz que seus filhos não andaram pelos caminhos dele:

“antes se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos e per­verteram o direito” (1 Sm 8:3).

Veja os reis de Israel e Judá. A narrativa do Antigo Testamento revela que muitos deles foram ímpios e tiveram fi­lhos piedosos, enquanto outros foram piedosos e tiveram fi­lhos ímpios. Eis alguns exemplos: Abias foi mau (1 Rs 15:3), mas seu filho Asa “fez o que era reto perante o SENHOR” (1 Rs 15:11). Jotão “fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs.15:34), porém Acaz, seu filho, “não fez o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs 16:2). Jeosafá agradou a Deus (2 Cr 17:1-4), enquanto Jeorão, seu filho, “fez o que era mau perante o SENHOR” (2 Cr 2 1:6). Assim, a seqüência de bondade ou maldade que deveria suceder na linhagem dos reis de Israel e Judá, de acordo com o que ensinam os pregadores da maldição de família simplesmente não aconteceu. A esses exemplos certamente não se poderia aplicar o provérbio: “Tal pai... tal filho”.

Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo escreveu aos irmãos de Corinto, na sua primeira carta, uma palavra tremendamente elucidativa quanto a esta questão: “Ou não sabeis que os in­justos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6:9-11; leia também Gl.5:17-21).

Pode-se notar que Paulo não afirmou no versículo onze:

“Mas haveis quebrado as maldições hereditárias, mas haveis pedido perdão pelos pecados dos antepassados” ou algo similar. Não, de modo algum, este não é o seu pensamento. Paulo afirma que aqueles que estiveram presos nos pecados ha­viam sido lavados, haviam sido santificados e justificados, sem qualquer necessidade de quebrar maldições dos antepassados.

Cabem aqui algumas perguntas: Qual é a maior das maldições? Sem dúvida é estar fora de Cristo. Qual a maior das bênçãos? Certamente é o estar em Cristo. Como se elimina a maior das maldições? Introduzindo a maior das bênçãos.

Os pregadores da maldição hereditária não deveriam pedir perdão pelos pecados da décima, nona, oitava ou de qualquer outra geração, mas deveriam, sim, pedir perdão pelos pecados de Adão e Eva, pois se houve brecha, foi ali, na queda do jardim do Éden, onde as maldições tiveram início. Ali está a raiz do problema. Isso, sim, seria um trabalho per­feito e completo. O leitor já imaginou se funcionasse? De repente, ninguém mais precisaria trabalhar para ganhar o pão, a mulher não sofreria mais ao dar à luz e os espinhos desapareceriam da Terra. É claro que não funciona, pois tal ensino não tem base na Palavra de Deus.


TEXTOS MAL INTERPRETADOS

Espíritos Familiares

Para defender o ensino da maldição hereditária, seus prega­dores usam a expressão “espíritos familiares”, tradução de Levítico 19:31 e de outras passagens na Bíblia em inglês do Rei Tiago (King James Version). Observe o comentário de Marilyn Hickey quanto a isso:

O que são “espíritos familiares”? São maus espíritos decaídos que se tornaram familiares numa família. Eles a seguem, com suas fraquezas — pecado físico, mental, emocional — por todo caminho, atacando e tentando cada membro seu naqueles aspectos, pois estão cientes de suas inclinações. “Marilyn, como é que você sabe disso?” Porque o Antigo Testamento fala acerca dos “espíritos familiares” (Versão King James).

Usando o mesmo argumento, um certo autor comenta:

Nas traduções em português, usamos as palavras necromantes, adivinhadores e feiticeiros. Mas em inglês usa-se o termo espíritos “familiares” e é esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria passam de geração em geração. Há um acompanhamento, por parte destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem os mesmos vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.

Defender um ensino controvertido com base na tradução de uma Bíblia em inglês (Versão do Rei Tiago) é algo inaceitável à luz da hermenêutica e da exegese bíblica. É preciso ter em mente que a Bíblia Sagrada não foi escrita em inglês. Para se entender o texto bíblico, é necessário que se faça a tradução e interpretação com base na língua em que ele foi escrito. No caso do Antigo Testamento, o hebraico, e não o inglês. Ao afirmar: “Mas em inglês se usa o termo espíritos familiares, e é esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria passam de geração em geração”, o autor demonstra exata­mente o contrário: não ter base bíblica para tal ensino.

Robert L.Alden, Ph.D., professor do Velho Testamento no Seminário Teológico Batista Conservador de Denver, Estado do Cobrado, nos Estados Unidos, esclarece:

A palavra ‘ob aparentemente se refere àqueles que consultavam os espíritos, pois 1 Samuel 28 descreve alguém assim em ação. A famosa “feiticeira” de Endor é uma ‘ob. Ao povo de Deus foi ordenado ficar longe de tais ocultistas (Levítico 19:31). A punição por se envolver com tais “médiuns” era morte por apedrejamento (Levítico 20:27). Naturalmente ‘ob é incluída na lista de abominações semelhantes em Deuteronômio 18:10,11. Todas essas ocupações têm a ver com o ocultismo. Isaías desconsidera estes “necromantes” e sugere, pela sua escolha de palavras, que os sons dos espíritos assim emitidos não são nada mais do que ventriloquismo: “os necromantes e os adivinhos que chilreiam e murmuram” (Isaías 8:19).

É importante observar ainda que a Septuaginta (a versão grega do Antigo Testamento) emprega o termo eggastrímithoi (ventríloquo) para traduzir a palavra ‘ob de Levítico 19:31. A Bíblia informa em 1 Samuel 28:3 que Saul havia banido de Israel os adivinhos e os encantadores e não os espíritos familiares. Assim, a palavra hebraica ‘ob significa o “vaso” ou instrumento dos espíritos, portanto o médium ou necromante, conforme aparece na maioria das traduções da Bíblia, não oferecendo tal vocábulo base para quebra de maldições hereditárias na vida do cristão.

A crença de que a violência é provocada por espíritos familiares também não tem base bíblica. O apóstolo Paulo foi um homem violento. A Bíblia diz que “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas, e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (At 8:3). O apóstolo João, antes de se tornar o discípulo do amor, não hesitava em dar vazão à sua ira. Certa vez ele chegou a desejar que caísse fogo do céu para consumir os samaritanos que se recusaram a receber Jesus (Lc 9:52-54). Como abandonou Paulo sua violência e João deixou de ter um espírito ou temperamento vingativo? Sem dúvida, através da conversão e do viver com Cristo foi que eles foram transformados e libertos, e não através da quebra de maldição de família, algo que nunca fez parte de seus escritos.



ARVORE GENEALÓGICA

Embora haja quem sugira às pessoas para que desenhem árvores genealógicas a fim de facilitar a quebra das maldições, tal prática não encontra apoio na Bíblia. É verdade que encontramos genealogias nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, as quais tinham a intenção de apresentar a linhagem de Jesus como o Messias de Israel. Não há, depois disso, em todo o Novo Testamento, preocupação com tal ensino. Ao contrário, o apóstolo Paulo até recomendou a Timóteo e a Tito que não se envolvessem com esse assunto (1 Tm 1:4 e Tt 3:9). Os mórmons, sim, na tentativa de resolver os problemas espirituais de seus falecidos através do batismo pelos mortos (uma prática antibíblíca), gastam muito tempo e dinheiro com genealogias, contrariando assim as Escrituras Sagradas.

Há os que dizem que devemos pedir perdão pelos pecados de P. C. Farias e de políticos acusados como corruptos. Outros estão sugerindo que, ao se encontrar uma pessoa negra na rua, deve-se chegar a ela e pedir perdão pelos pecados dos que promoveram a escravidão no Brasil. Há até aqueles que afir­mam que os carros roubados no Brasil e levados ao Paraguai são uma maneira de Deus fazer os brasileiros pagarem aos paraguaios pelo mal que lhes fizeram em guerras passadas. Que absurdo!

Os que isto sugerem gostam de citar as orações de Esdras (capítulo nove), Neemias (capítulo nove) e Daniel (capítulo nove), em que eles fizeram confissão a Deus, citando os pecados de seus antepassados. Sabemos que as bênçãos do anti­go pacto eram condicionadas à obediência do povo de Israel. Quando desobedecia, as maldições de Deus vinham sobre ele. Esdras, Neemias e Daniel de fato reconheceram o pecado de seus antepassados, mas pediram perdão pelos pecados do presente, da geração atual. Embora seja possível alguém sofrer as conseqüências dos pecados de terceiros, o mesmo não acontece com a culpa. A Palavra de Deus não culpa ninguém pelos pecados dos outros. A Bíblia em nenhum lugar ensina a interceder por quem já morreu, uma vez que após a morte segue-se o juízo, não oração ou pedido de perdão pelos mortos (Hb 9:27).

É preciso lembrar ainda que, à luz da Bíblia, ninguém pode se arrepender por outra pessoa. O arrependimento é algo pessoal, que se faz diante de Deus. A idéia de que “temos que até interceder, pedir perdão por pecados que aqueles antepassados cometeram, e quebrar os pactos que fizeram”, contradiz a Palavra de Deus, que afirma: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).


PROVÉRBIOS 26:2

Eis aqui outro texto freqüentemente mal usado pelos prega­dores da maldição de família. Allen P Ross comenta que era comum acreditar que as bênçãos e as maldições tinham existência objetiva — uma vez proferidas, produziam efeito. Ele acrescenta: “As Escrituras esclarecem que o poder de amaldiçoar e de abençoar depende do poder daquele que está por trás dele (por exemplo, Balaão não pôde amaldiçoar o que Deus havia abençoado; Nm 22:38 e 23:8). Este provérbio re­alça a correção da superstição. A Palavra do Senhor é pode­rosa porque é a Palavra do Senhor — ele a cumprirá”.12 Nota-se então que não existe base para se usar tal texto a fim de defender a transferência de maldições de geração em geração.


MALDIÇÃO DE NOMES PRÓPRIOS

É o que ensina o livro Bênção e Maldição quando afirma:

A verdade é que há nomes próprios que estão carregados de mal­dição —já trazem prognóstico negativo (...) Por isso não convém dar aos nossos filhos nomes que tenham conotação negativa, que expressem derrota, tristeza, dureza: Maria das Dores, Mara (amargura), Dolores (dor e pesar), Adriana (deusa das trevas), Cláudio (coxo, aleijado), Piedade, Aparecida (sem origem, que não se sabe de onde veio).

Este é mais um ensino que vem acrescentar cargas desnecessárias sobre os crentes que passam a acreditar nele. Existem muitas pessoas hoje vivendo preocupadas devido ao nome que receberam ao nascer, algo sobre o que não tiveram controle e nem escolha. E, de novo, não há base bíblica para isso.

É verdade que há na Bíblia alguns nomes de pessoas que corresponderam às suas personalidades e às circunstâncias em que viveram. O próprio Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, que significa “pai de uma grande multidão”. (“A mudança de Abrão para Abraão teve por fim reforçar a raiz da segunda sílaba para dar maior ênfase à idéia de exaltação”, J. D. Davis, Dicionário da Bíblia, p. 11.) Jacó significa “usurpador”, e ele assim se comportou por um bom período de sua vida, O legislador de Israel recebeu o nome de Moisés por que foi salvo das águas. Contudo, não se pode criar uma regra baseada em tais exemplos pelas razões que veremos em seguida.

A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas ímpias com nomes de bons significados, enquanto outras são boas, mas com nomes de significados nada recomendáveis. Veja o caso de Abias, que quer dizer “Jeová é pai”, filho de Samuel, um homem de Deus. Apesar de ter um bom nome e um bom pai, a Bíblia diz que ele não andou nos caminhos de Samuel e se corrompeu (1 Sm 8:3).

Já Absalão quer dizer “pai da paz”. Embora tendo um nome tão pacífico, ele tentou usurpar o trono de seu pai Davi, teve uma vida turbulenta e morreu de forma trágica (2 Sm.3:3; 13-19).

Daniel e seus amigos tiveram os nomes mudados pelo rei de Babilônia (Dn 1:7). Mesmo depois de receberem nomes ligados a deuses pagãos, isso não impediu que desfrutassem da bênção de Deus e permanecessem firmes na fé em Jeová. Logo, pode-se notar que o nome não influiu em nada.

Judas quer dizer “louvor”, um significado muito piedoso, mas isso não impediu que ele traísse o Senhor (Mt 26:48,49). Por outro lado, um outro Judas foi fiel e deixou uma carta es­crita no Novo Testamento.

Bar-Jesus é um nome fantástico, que quer dizer “filho de Jesus”. Apesar do nome, ele era um mágico, um falso profe­ta, e resistiu a Paulo quando este pregava ao procônsul Sér­gio Paulo (At 13). Apenas o nome não faz o homem. Se fizes­se, as prisões no Brasil não estariam cheias de presidiários chamados de Abel, Moisés, Isaías, Daniel, Pedro, Lucas, Pau­lo e outros nomes bíblicos.

Há também homens e mulheres na Bíblia que serviram a Deus fielmente e foram vencedores na fé cristã, apesar dos nomes que tiveram com significados nada recomendáveis.

Apolo foi um homem de Deus, poderoso nas Escrituras (At 18:24-28), mas seu nome significa “destruidor”.

Hermes é um dos irmãos a quem Paulo envia saudações cristãs (Rm 16:14), porém seu nome é de um deus mitológico.

O interessante é que Paulo nunca instruiu esses irmãos para que fizessem oração de renúncia pelos nomes que pos­suíam, pois eles terão um novo nome no céu (Ap 2:17).

Alguns crentes até dão testemunho em público depois de pensar que foram bem-sucedidos ao amaldiçoar uma pessoa, uma empresa ou organização. Contam, por exemplo, que por não terem sido bem servidos num restaurante, o amaldiçoa­ram e o restaurante faliu. A Bíblia, porém, ensina que o cris­tão não deve amaldiçoar, mas, sim, abençoar. Ouçamos o conselho de Paulo: “Abençoai, e não amaldiçoeis” (Rm 12:14).

Alguns têm dito que a quebra das maldições hereditárias é bíblica, já que deu certo ou funcionou para um ou outro. O fato de ter dado certo não quer dizer que seja bíblica. Há mui­ta coisa que funciona no espiritismo, na umbanda e na Ciência Cristã que nem por isso é bíblica. Geralmente, as distorções no seio da Igreja são muitas vezes baseadas apenas nas experiências, no subjetivo. Ora, não importa quão maravilhosa tenha sido a experiência; se ela contradiz as Escrituras e não tem base na Palavra de Deus, deve ser rejeitada, prevalecendo somente a Bíblia Sagrada, única regra de fé e prática para o cristão.


PODE UM CRISTÃO TER DEMÔNIOS?

Um dos temas mais polêmicos que a batalha espiritual tem gerado é se um cristão pode ter demônios. Muitos ministérios de libertação incluíram algum ritual para expulsar demônios de crentes em seus programas e isso tem acontecido em simpósios de batalha espiritual em muitas igrejas. Alguns teólogos também passaram, nos últimos anos, a aderir a tal posição e muitos deles reconhecem que o assunto é controvertido. De qualquer forma, a Bíblia Sagrada tem a palavra final sobre esta questão ou sobre qualquer outro assunto relacionado com a vida espiritual e o cristão.

Merrill F. Unger, um autor lido e seguido por várias pessoas que hoje desenvolvem ministérios de libertação espiritual no Brasil, reconhece a dificuldade de se tratar do assunto, ao declarar: A verdade da questão é que as Escrituras em nenhum lugar declaram que um verdadeiro crente não pode ser invadido por Satanás ou seus demônios. Naturalmente, a doutrina deve sempre ter precedência sobre a experiência. Nem pode a experiência jamais oferecer base para a interpretação bíblica. Apesar disso, se experiências consistentes chocam com uma interpretação, a única conclusão possível é de que há alguma coisa errada, ou com a própria experiência ou com a interpretação da Escritura que vai contra ela. Certamente a Palavra inspirada de Deus nunca contradiz a experiência válida. Aquele que procura a verdade com sinceridade deve estar preparado para consertar sua interpretação a fim de traze­la em conformidade com os fatos como eles são.

Unger já ensinou e escreveu, no passado, que somente os incrédulos estão sujeitos a endemoninhamento ou possessão demoníaca. Mais tarde ele mudou de idéia, e diz por que:

Em Biblical Demonology (Demonologia Bíblica), publicado primeiramente em 1952, a posição tomada era de que somente os incrédulos são expostos ao endemoninhamento. Mas, através dos anos, várias cartas e relatórios de casos de invasão demoníaca de crentes têm chegado a mim de missionários em várias partes do mundo. Como resultado, em meu estudo sobre a explosão atual do ocultismo intitulado Demons in the World Today (Demônios no Mundo de Hoje), que apareceu em 1971, a confissão é feita livre­mente de que a posição tomada no Biblical Demonology (Demonologia Bíblica) “foi assim entendida, pois a Escritura não resolve claramente a questão”.

Há alguns problemas com as declarações de Unger. Primeiro, ele diz que a Bíblia não afirma com clareza que um cristão não pode ser invadido por demônios. Ora, se a Bíblia não diz isso com clareza (o que não é verdade), como pode alguém então afirmar e ensinar sobre aquilo que não está claro na Palavra de Deus? Seria o mesmo que tentar ensinar escrever sobre o sexo dos anjos quando a Bíblia nada fala a questão. Se a Bíblia não é clara sobre a possessão de crentes, como pode alguém desenvolver então, biblicamente, uma prática de expulsar demônios de crentes? Simplesmente ­impossível.

Pode-se perceber também que Unger, que no passado ensinava que crentes não podiam ficar possessos, depois mudou de posição. A mudança veio não pela avaliação bíblica, mas, como ele mesmo conta, através de cartas e relatórios de missionários baseados em experiências dos campos de missões. Mas Unger não está só ao basear a possessão de crentes em experiências e não na Bíblia. Veja a opinião de Bill Subbritzky sobre o assunto: “Pode um cristão ter demônios? A resposta é enfaticamente sim! Se você tem sido informado de que isso não acontece, continue lendo e deixe o Espírito Santo guiá-lo nesta questão. Estou ciente do muito que se tem ensinado a respeito de os cristãos não poderem ter demônios. Contudo, através de minha experiência no ministério há quatorze anos, constatei que tal opinião é totalmente incorre­ta”.

Uma autora no Brasil demonstra ter também opinião semelhante ao declarar:

Muitos defendem que, uma vez que o crente é habitação do Espírito (1 Coríntios 6:19), torna-se impossível um demônio habitar onde o Espírito habita (...) o fato de o nosso corpo ter-se tornado o templo do Espírito Santo não quer dizer que jamais poderá ser ocupado por maus espíritos. Não deveria, mas é possível (...) To­dos quantos se envolvem no ministério de libertação testemunham a manifestação de demônios em cristãos.

Certa líder na área da batalha espiritual segue a mesma linha desses autores e conclui:

Se partirmos do pressuposto de que os crentes não podem ter demônios ou não podem ficar endemoninhados, corremos o risco de deixar muitos crentes opressos dentro da igreja, vivendo uma vida de grande prisão, mornidão, com uma dificuldade tremenda para crescer. Afinal, o inimigo deseja uma vida cristã medíocre. E aqui é preciso esclarecer a questão da terminologia usada. De acordo com dezenas de estudiosos do grego, daimonozomenai significa “ter demônios” e é melhor traduzido pela palavra “endemoninhado”, nunca possesso, pois no Novo Testamento não vemos o

uso do termo (...) Endemoninhado tem um significado lato, indicando o estado da pessoa que tenha um demônio ou até muitos demônios perturbando ou oprimindo sua vida. Quanto ao local onde ele fica, não é o mais importante. Ele pode ficar no corpo, fora do corpo, na alma da pessoa.”(Neuza Etioka).

Dois outros autores norte-americanos, John e Paula Sanford, acrescentam também:

Há aqueles que crêem que o cristão cheio do Espírito Santo não pode ser ocupado pelo poder demoníaco. Temos descoberto que isto não é um fato histórico, ainda que a teologia diga que o Espírito Santo e os demônios não podem habitar a mesma área. E o que tem acontecido. Temos expulsado demônios de centenas de crentes cheios do Espírito Santo, alguns deles não apenas cheios do Espí­rito Santo, mas poderosos servos do Senhor! Como isso acontece eu não posso explicar, mas tem sido para nós um fato incontestável de muitos anos de experiência exaustiva.’

Este é o segundo problema de Unger e é também o problema dos demais autores aqui mencionados: experiência, experiência, experiência. Na última citação, os autores até informam que nem sabem explicar como pode acontecer a expulsão de demônios de crentes, mas continuam levando tal prática adiante.


CRENTES NÃO FICAM POSSESSOS

Não creio na possessão demoníaca em crentes, pelas seguintes razões bíblicas:

1o - razão: o crente é santuário do Espírito Santo. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Co 6:19, 20.)

O Espírito Santo não é um visitante esporádico na vida do crente. É morador definitivo, e não se ausenta de sua morada.

Paulo garante que não há possibilidade de convivência entre Cristo (Rm 8:9) e o maligno (Ef 2:2.) “Que harmonia entre Cristo e o maligno?” (2 Co 6:15.)

2o - razão: o Espírito Santo é zeloso pelo seu santuário. “Ou supondes que em vão afirma a Escritura: Ë com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em n6s?” (Tg 4:5.).

O Espírito Santo é a pessoa da trindade santa para a qual Jesus mais reivindicou o nosso cuidado na análise de fatos ou no evitar de palavras precipitadas. “Por isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito ‘Santo não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguëm falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” (Mt 12:31, 32.)

Atribuir as obras de Jesus ao poder de Belzebu, o maioral dos demônios, já era pecado e blasfêmia contra o Espírito Santo, que estava sobre Jesus (Lc 4:18, 19), pois o Espírito Santo não pode ser veículo usado por Satanás. Diante de tal santidade e zelo será possível admitirmos que o Espírito Santo permitiria a entrada de força maligna em seu santuário? Louvado seja o seu nome porque ele não permite.

3o - razão: o crente é propriedade de Deus. É maravilhosa a declaração, de Paulo em Efésios 1:13, 14: “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.” No verso 14, os crentes são chamados de “propriedade de Deus”. O sublime de tudo isto é que o Espírito Santo é o “penhor” da nossa ressurreição futura, ou seja, a garantia de que não estamos órfãos (Jo 14:18) e de que seremos transformados na ressurreição (1 Co 15:52.). A presença do Espírito Santo em nós é a garantia de que somos propriedade de Deus.

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pe 2:9.)

A propriedade é exclusiva. Essa “propriedade” não será loteada e vendida ao diabo.

4o - razão: Jesus é o valente que tomou posse da propriedade.

“Quando o valente, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em segurança todos os seus bens. Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despojos. (Lc 11:21, 22.)”.

O Senhor Jesus veio ao mundo “para destruir as obras do diabo.” (1 Jo 3:8.)

Jesus me fascinou pela sua valentia e coragem diante da cruz. Essa valentia é a mesma no que diz respeito a guardar os seus filhos das investidas do diabo na tentativa de possuí-los.

Jesus é o Senhor absoluto de sua casa (1 Pe 2:5) e de seu tabernáculo (2 Co 5:1), que são os nossos corpos.

5o - razão: O Espírito Santo intercede pelos crentes em suas fraquezas.

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.” (Rm 8:26.)

É porque o Espírito Santo perscruta até mesmo as profundezas de Deus que Ele pode interceder por nós de acordo com a vontade perfeita do profundo e humanamente insondável coração de Deus. “Porque, qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.” (1 Co 2:11.)

Davi invocava o Espírito Santo para ajudá-lo a viver na perfeita vontade de Deus. “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano”.(Sl. 143:10.)!

O cristão não é um super-homem, mas é superprotegido graças à intercessão do Espírito Santo nas horas de maior fraqueza e necessidade.

6o - razão: O imutável amor de Crista garante a segurança.

“Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 8:37-39.)

O que nos dá segurança é o fato de o amor ser o de Cristo Jesus. Seu amor é sublime e leal, “é forte como a morte” (Ct 8:6) e a sua fidelidade está para além da fidelidade do crente, porque “se somos infi6is, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”. (2 Tm 2:13.)

“Bem-aventurado o homem que confia no amor de Cristo por sua vida. A promessa para ele é: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite a lua, O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.” (Si 121:5-7.)

O crente jamais será esquecido pelo amado Senhor Jesus, pois o seu nome está nas palmas de Sua mão. “Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim.”(Is 49:15, 16.)

O crente pode reivindicar todas as promessas da Palavra de Deus, “Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para a glória de Deus, por nosso intermédio” (2 Co 1:20.)



Um filho de Deus jamais ficará possesso por espíritos malignos. Esta é a confiança.





(Este estudo foi extraído dos seguintes livros: “Evangélicos em Crise; Pr. Paulo Romeiro; Principados e Potestades. Recomendamos a leitura de ambos).


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